Estudos recentes apontam que borboletas desenvolveram novas estratégias de defesa nos últimos anos.
As borboletas são insetos delicados e, por isso, um fácil alvo para predadores. Entretanto, resultantes da seleção natural, suas estratégias de defesa variam desde mecanismos bem simples até alguns extremamente complexos. Envolvem aparência, características físicas, comportamento e compostos químicos, muitas vezes com a combinação de diferentes tipos. Além disso, novo estudo descobriu recentes táticas de produção desse inseto.
Olhos falsos
Muitas borboletas utilizam os olhos falsos, assim como os pavões, para se defenderem. Para explicar melhor, algumas espécies possuem dois olhos falsos gigantes nas asas traseiras e quando um predador se aproxima, o assusta. Outras os têm posicionados nas laterais das asas, que enganam o predador, fazendo-o atacar os olhos e, desse jeito, ela pode fugir sofrendo apenas pequenos prejuízos físicos. Já as borboletas cauda-de-andorinha têm caudas nas asas traseiras, perto dos olhos falsos. Então, os animais confundem essa combinação como antenas e olhos e não conseguem adivinhar em qual direção ela irá se mover.
Sabor desagradável
Existem borboletas que possuem veneno ou um sabor desagradável. As cores brilhantes funcionam como um alerta para os animais que pretendem atacá-las, indicando que não são uma presa agradável ao paladar. Então, se um predador já teve a experiência de ingerir uma borboleta com toxinas ou um sabor desagradável, ele irá lembrar-se das cores desses insetos e aprenderá a evitá-las no futuro.
Imitação
As borboletas saborosas e coloridas desenvolveram essa defesa como uma estratégia útil de sobrevivência. Ao evoluir padrões de cores semelhantes aos de suas parentes de gosto ruim, elas conseguem se camuflar e enganar os predadores. Um excelente exemplo disso é a borboleta Vice-Rei, que apresenta um padrão de cores laranja e preto bastante semelhante ao da borboleta tóxica Monarca. Dessa forma, qualquer predador que tenha sobrevivido à Monarca irá associar essa coloração com um alimento indesejado, e evitará atacar a Vice-Rei.
Velocidade
As borboletas que possuem veneno e são impalatáveis não precisam desenvolver estratégias de fuga, já que seus predadores evitam atacá-las devido ao seu sabor desagradável. Ou seja, isso permite que elas voem em um ritmo mais lento, sem precisar investir em táticas de fuga. Os predadores miram as borboletas palatáveis, então elas precisam ser rápidas ou imitar as impalatáveis para escapar. No entanto, um novo estudo revelou que nem sempre essa é a estratégia adotada por essas borboletas.

Nova descoberta
Para além de todas essas estratégias de defesa, um estudo coordenado por André Lucci Freitas, da Unicamp, e por Carlos Eduardo Guimarães Pinheiro, da UnB e participação de pesquisadores da UnB e da University of New Orleans descobriu novas táticas. A revista Neotropical Entomology publicou os resultados dessa pesquisa.
Segundo Pinheiro. “Diria que as principais contribuições de nosso trabalho são, em primeiro lugar, mostrar que a coloração das borboletas não está relacionada apenas a sua palatabilidade, mas que predadores associam suas cores à dificuldade que encontram para capturá-las”, disse.
“Em segundo lugar, o estudo indica que borboletas palatáveis podem convergir em sua coloração e formar tipos de mimetismo baseados na capacidade de escapar”, disse o pesquisador da UnB.
“Além disso, mesmo algumas borboletas impalatáveis podem também ser rápidas e usar as duas estratégias para evitar ataques de aves. O estudo levanta uma série de novas hipóteses para serem testadas em trabalhos futuros” continua.
Artigo por Maria Clara Montanha
Fontes: Agência FAPESP; Ponto Biologia e Parque Ecológico Imigrantes