A ansiedade vem crescendo cada vez mais entre a população brasileira, consequentemente, também atingindo crianças. Saiba como ajudá-las.
Pensamentos ansiosos são benéficos e, muitas vezes, podem salvar seus filhos. Por exemplo, a ansiedade é responsável pela melhor avaliação de riscos como ao atravessar a rua ou ao falar com desconhecidos. Além disso, é normal um certo nível de ansiedade, principalmente, na infância e na adolescência, quando grandes mudanças acontecem no corpo humano. Entretanto, para algumas crianças, a ansiedade pode alterar seu dia a dia, seu comportamento, suas relações, seu sono, e até saúde – tanto física quanto emocional. Nesses casos, é importante que a família esteja atenta e saiba como ajudar.
- Transtornos de ansiedade e principais características
- De separação: ansiedade excessiva e frequente ao se separar dos pais, de forma não adequada para a fase do desenvolvimento. É mais comum durante a pré-escola, entre 4 e 5 anos de idade;
- Fobia social: medo e ansiedade desproporcional em situações de interação social cotidiana. Mais frequente no início da adolescência;
- Mutismo seletivo: recusa de se comunicar verbalmente quando não está em casa ou com pessoas que não sejam seus familiares ou cuidadores. Geralmente, se inicia antes dos 5 anos;
- Generalizada: tensão frequente, medos e preocupações desproporcionais em variadas situações. Diversos fatores podem ser provocadores da ansiedade. Pode ocorrer em qualquer idade;
- Do pânico: ataques de pânico em que a pessoa sente medo de morrer e pode ter vários sintomas físicos, como taquicardia, sudorese, falta de ar e tontura. Costuma ocorrer no final da adolescência;
- Agorafobia: ansiedade relacionada a situações como ficar em transporte público, em locais fechados ou no meio de uma multidão, por exemplo, porque existe a sensação de que será difícil sair dali se necessário. É mais comum na adolescência.
- Possíveis sintomas
Primeiro, é necessário saber que cada criança possui sua individualidade, logo os sintomas podem ser diferentes. Segundo Fernanda Bittencourt, psicóloga infantil e especialista em terapia cognitivo-comportamental (TCC), além das preocupações exageradas e medos comuns para a idade – que são sinais de ansiedade –, os sintomas também podem incluir taquicardia, suor excessivo, mãos e pés trêmulos, dores no estômago, vômitos, dificuldade para respirar, entre outros. Também pode haver dor de cabeça, desconforto, dor de barriga e enjoo e, muitas vezes, a criança evita uma situação, como aquele mal-estar comum antes de ir à escola que muitos pais interpretam como preguiça ou birra, porém é um forte sinal de ansiedade.
- Como ajudar seu filho com ansiedade infantil
Estratégias diferentes funcionam em crianças diferentes. Então tente todas que achar preciso até funcionar. Listaremos algumas técnicas para diminuir a ansiedade e o estresse do seu filho de forma fácil e cuidadosa:
- Peça para a criança fechar os olhos e listar, em voz alta, 3 coisas que goste e que a acalme;
- Incentive seu filho a falar quais são os medos e preocupações que estão causando incômodo naquele momento. Desse jeito, ele irá assimilar melhor a situação e desabafar.
- Outra dica é ensinar a criança a escrever seus medos em um papel quando a ansiedade e estresse atacarem e depois jogá-lo fora – uma forma ilustrativa de desabafo mental;
- Uma das técnicas mais usadas e que funcionam com a maioria das crianças é o toque físico. Ele estimula a produção de ocitocina, hormônio do bem-estar, e reduz o cortisol. Então, quando perceber que seu filho está em uma situação ansiosa ou estressante, abrace. Depois de um longo abraço, converse e o estimule a desabafar. A comunicação é muito importante durante o crescimento.
- Estar em movimento é muito importante para a prevenção e tratamento da ansiedade. Momentos de lazer, atividades ao ar livre e esportes são ideais para as crianças terem um momento e um meio para extravasar seus sentimentos, além de estimular a libração de endorfina e ocitocina no corpo.
- Procure um profissional! A família tem um papel ativo nos casos de tratamento, porém é necessário acompanhamento psicológico, principalmente, se o paciente for uma criança ou adolescente.

“Quanto mais cedo você detectar esse problema de ansiedade patológica, melhor, primeiro para prevenir desdobramentos, para diminuir sintomas, diminuir a influência do transtorno ansioso na vida, e de algum jeito você mexe na evolução para a idade adulta. E nem sempre a pessoa tem um diagnóstico claro, mas você percebe que tem propensão para um monte de medos, é muito ansiosa, muito preocupada, e você já começa a orientar [precocemente]. Esse seria o mundo ideal.”, explica a psicóloga infantil.
Artigo por Maria Clara Montanha
Fontes: Drauzio Varella UOL e PSYCOM